Thursday, July 19, 2007

Ao Tomás

Querido Tomás,

Apesar de te escrever esta carta em Microsoft Office Word 2003 versão 6.0, escrevo-a como se em tempos não modernos (tempos melhores?), sem mordomias informáticas. Tentarei pôr o capricho natural que se emprega (empregava?) quando se manuscreve uma carta. Até porque não sei, nem quererei saber, escrever com “k’s” ou “lol’s” (lol!!). Será também forma de tornar estas palavras mais especiais, porque servem assim melhor o seu propósito.

Deparo-me muitas vezes a pensar, ou a sonhar, se serei diferente, melhor, em se terei porventura destino mais magnífico, superior. Se me estaria ou estará destinado algo especial...se farei a diferença, se me distinguirei... E se não, o porquê...Ponho-me a imaginar em como será o critério de escolha do toque divino, que abençoa os Ilustres com os seus inquestionáveis dons. Porque é que a um se dá a desassossegada inspiração para criar 5 esfuziantes poetas, e a um outro uma vida a crescer na miséria sem saber ler? Porque é que um será celebrado na História como “o rei do rock n’roll” e a voz desafinada de outro só será lembrada pelos seus próximos? Como se teve a sorte de nascer com o dom de criar uma “guernica”? como se nasceu com a infelicidade de nunca a poder ver...? O que torna uns glorificados, outros ignorados...? Como é que um lidera países, outro lava as ruas?; um desenha invenções, outro já foi inventado?; um manda, outro segue; um diz, outro ouve...
(... E pergunto-me que sorte me calhou – ou calhará - nesta lotaria de talento...)

Depois, faço o mesmo raciocínio para o lado oposto. Porque uns são privados de amor de uma mãe e outros não dão valor à que têm? Porque uns nunca terão possibilidade de uma boa formação e outros esbanjam cursos esplêndidos em vaidades materialistas? Porque são uns escolhidos para passarem vida de dificuldades e outros só dificultam a vida?
(...E reconheço-me afortunado e agradecido...)

E depois volto aos Ilustres e devaneio sobre a o carácter com que cada um é brindado, que te pode tornar um respeitoso homem de negócios ou um criminoso; ou sobre a força e coragem dada a uns bravos e a fraqueza infeliz com que se amolecem uns mais tristes, ou ainda sobre a graça e personalidade de cada um, que traz diferentes tonalidades à cor da sua vida – e quantos cinzentos não existem; e por ainda adiante...
...(E dou-me por contente com quem sou...)

O que torna uns especiais e outros não, não sei... Como o infortúnio escolhe uns, e outros não, não sei... Não tentarei entender a intenção de Deus, a vontade do destino, a escolha do karma, a sorte, o “é a vida”, como se quiser chamar... Sei é que em todas estas considerações metafísicas dou comigo a sentir-me mais pequeno, ou impotente, ou limitado e a, de forma automática, ir-te buscar mentalmente para te colocar num pedestal – simultaneamente pelo teu lado Especial e de Infortúnio – que se mistura, pois aquele revela-se verdadeiramente com este.

Dá-te a vida caminho mais difícil de trilhar, pista com mais obstáculos, mar mais conturbado, mas deu-te Deus (ou destino? Ou sorte? Ou...? ou?) a força para não te cansares nesse caminho, a coragem de esses obstáculos enfrentares, a valentia de te fazeres a esses “mares convulsos” de peito erguido – deu-te esse caractér exclusivo e ainda o embrulhou com uma personalidade que já de si é singular (mesmo que já te tenha dito que estás a ficar perigosamente igual a mim!!Mini-Me!!!! eheh)

Assim se ditou que crescesses, com maiores privações em vida de provas para dar – e só por isso já em Terra ganhaste o Céu. Mas o magnífico é conseguires elevar a tua condição heróica a um outro nível superior - por te teres habituado a ser herói desde pequenino, e por sempre teres respirado ares de valentia, não tens (nem deves nunca nunca ter) a postura de “coitadinho” e isso torna-te ainda melhor e deixa-nos ainda mais boquiabertos, orgulhosamente espantados. Não tens, nem precisas de ter, tratamento especial. Problemas têm infelizmente muitos, mas o que te torna Especial é uma inexplicável normalidade, que misturada com uma extraordinária solidez e firmeza na dor e sofrimento, tornam-te Tomás, grande rapaz, num verdadeiro exemplo. Azar atrás de azar, azar atrás de azar, azar atrás de azar... e continuas inabalável. O “Tomás sempre em pé”!

E por não teres tratamento especial e por estarmos acostumados à tua bravura incessante, não tens elogios pomposos por hábito. E nem carecem de ser feitos – sabes intuitamente o aplauso que te damos constantemente mesmo sem o dizermos, deverás saber todos os medos e receios que comungamos contigo mesmo sem o dizermos. Mas às vezes apetece aclamar e gritar alto, o mais alto possível, o espírito inabalável com que entras numa sala de operação e sais do recobro - não pedes, não lamentas, não exiges, não te consideras mal-aventurado, não baixas a cabeça, não te deixas ir abaixo e não deixas de ser tu próprio. É ao mesmo tempo de chorar e de sorrir. Quando te vemos a ter que atravessar mais um teste, o coraçao fica pequeno - com um “coitadinho do porquinho” - quando entras, e floresce grande - com um “coitadinho do porquinho” -quando sais e te vemos a passar com distinção.

E servem então estas palavras para essa aclamação, para essa formalização do teu estatuto. Porque preciso de as dizer. Porque quero celebrar com esta carta todo o teu valor e todos aqueles elogios que nunca foram ditos. És um herói! Não precisas que to digam, mas és um herói. Nasceste um Herói! Um Exemplo! Um Especial! Um Ilustre! O Nobel da Força Imperturbável! O Óscar da Coragem Estóica. Um suuuuuuper-porquinhooooooooooooooo (“prontos”, não aguentei a prosa clássica e formal...). E melhor, és o NOSSO Ilustre, o NOSSO super-porquinho!

Saíste mais uma vez de um hospital e de uma operação e disseste-nos “agora sim já tenho braço de ferro”. Foste mais uma vez tu próprio em toda a pujança desses teus valores nobres que tão poucos têm. Eu? Eu sinto-me mais pequeno e ao mesmo tempo maior. Pequeno por comparação, maior por projecção...Mais pequeno porque não fui prendado com tal caracter heróico, maior porque elevo-me em orgulho, rejubilo-me em contemplação e posso dizer “aquele é meu irmão”. Obrigado e Parabéns!

ORI ORI

16 Junho 2007

É DEAZAS...

Que força é essa do equílibrio macabro?
Maquiavélico, manhoso, vil...
Espera pela normalidade na escuridão dos seus planos sombrios e aguarda o conforto invulgar para o quebrar numa facilidade mesquinha. Um sopro no castelo de cartas, uma onda no boneco de areia....
E porque é que esta força, além de má e perversa, tem que ser cómica, tem sempre que se apresentar vestida em tons de burlesco? Ah, mestre do desdém! O teu lucro é a minha ruína!
É DEAZAS...

Porque é que sempre que MacCoy tem dinheiro e se regozija em confortável situação, vivendo breves mas doces momentos de saudável criação de planos e sonhos que bebem avidamente da fonte de um cómodo saldo financeiro, há sempre o raio de um azar, que é sempre estúpido, que é sempre evitável (é aquele evitável-inevitável), e que por isso sempre se entranha até ao tutano por parecer rir-se com desdém, azar que o volta a colocar na situação do costume – não precária, mas não abastada? Porque é que a puta da polícia aparece sempre nestes momentos de conchego e tranquilidade, como se tivesse à espera, como se a força maligna do equílibrio macabro lhes tivesse feito uma encomenda a bom preço?
É DEAZAS

E se há um equílibrio macabro, como é que se eleva a barra? Como é que se aumenta o nível da “situação do costume”? como fazer para subir de patamar? É que não me importava de ter 10.000.000 no banco, ganhar uns inesperados 2.000.000, e ter que pagar, por força do equílibrio macabro, uma multa de 500.000 – “que merda, agora que eu ia comprar o ferrari...”.

É DEAZAS...

Mas pensando bem, se tem que acontecer um azar, porque assim parece que a vida se conduz, ao menos que seja a seguir a acontecer uma sorte. Se não há desiquílibrio positivo, ao menos que haja um mínimo de equílibrio. Agradecido...

just

Olha, isto ainda funciona..??
NHOOOO
AAAAUUUUEEEUUUUUAAAAA

Que escrever? Que tal Defeitos de MacCoy?
Defeitos de MacCoy:
- MacCoy por vezes pensa e sente demasiado as coisas...
- MacCoy farta-se rapidamente das coisas...
- MacCoy não sa

Thursday, May 17, 2007

All the same...

"Little Boxes" by Malvina Reynolds (1900-1978), uma cantora, escritora e activista social norte-americana.

Tuesday, May 15, 2007

Onde está o meu "mai novo"?




Tiraram o lume dos teus olhos
e fizeram braseiro
para aquecer a noite fria;
noite de qualquer dia.
Roubaram o teu riso
e encheram de gargalhadas
de luz e de música
as suas reuniões frustradas.
Da tua pele fizeram tambor
para nos ajuntar no terreiro!
Dondê nha Codê?
Não
não mataram o meu filho
que eu sei que o meu filho não morre.

(Se choro são saudades de nha Codê...)

Nha Codê vive
na evocção de um mundo distante
no riso e no choro das ervas rasteiras
na solidão dos campos
nas pândegas de marinheiros
na vida que nasce e morre
em cada dia que passa!
... E em mim
essa saudade de nha Codê!

Terêncio Anahory, poeta cabo-verdiano

Wednesday, April 18, 2007

Books and Movies


About a Boy


Procurando uma Fuga para a Vitória
Tentou o Despertar da Mente
Mas não obteve Despertares
Naquela Condição Humana dormente

Parecia estar no Fio da Navalha
Um Jogador do peso da decisão
Procurando a iluminada Mensagem
Que lhe mostrasse sua Missão

O seu Coração Selvagem buscava
Admirável Mundo Novo para conquistar
Carros, Ratos e Homens já pouco tolerava
Era Náufrago... já cansado de remar

"Olhe, desculpe, não me arranja um café?... Olhe, desculpe..!!"

Ofereça-se uma pastelaria a um português, para gerir em Lisboa, Porto ou Braga, onde seja. É vê-lo a queixar-se a todos os que entrarem, na chamada conversa de café, sobre o preço a que está a gasolina, a electricidade e a água, sobre a miséria em que andam os transportes públicos, sobre como uns enriquecem à custa dos outros e em como é uma vergonha o “estado a que isto chegou”. Terá longas tardes passadas com os reformados do bairro (que não falam, só bebem e olham profundamente para ontem) a dissertar sobre “a volta que é preciso dar a isto”, exaltando-se fervorosamente nas suas teorias enquanto o cliente terá que esperar para ser atendido – e se não deixar gorjeta será alvo de comentário após a saída.

Ofereça-se uma pastelaria a um português, para gerir em Madrid, Chicago ou Buenos Aires, onde seja. É vê-lo mansinho a agradecer a preferência dos clientes, a esbanjar elogios em olhos subservientes quando lhe perguntam que tal está tudo, alheio às dificuldades dos outros e desvalorizando as suas próprias, tentando em passos receosos passar despercebido, e afirmando sereno “aqui são todos simpáticos”.

Psicologia de casa de banho mas ao contrário: Cá dentro és um herói, mas lá fora cagas-te todo...

Monday, April 16, 2007

We really know our worth...

The sun, whose rays
Are all ablaze
With ever-living glory,
Does not deny
His majesty —
He scorns to tell a story!
He don't exclaim,
"I blush for shame,
So kindly be indulgent."
But, fierce and bold,
In fiery gold,
He glories all effulgent!

I mean to rule the earth,
As he the sky —
We really know our worth,
The sun and I!
I mean to rule the earth,
As he the sky —
We really know our worth,
The sun and I!


Observe his flame,
That placid dame,
The moon's Celestial Highness;
There's not a trace
Upon her face
Of diffidence or shyness:
She borrows light
That, through the night,
Mankind may all acclaim her!
And, truth to tell,
She lights up well,
So I, for one, don't blame her!

Ah, pray make no mistake,
We are not shy;
We're very wide awake,
The moon and I!
Ah, pray make no mistake,
We are not shy;
We're very wide awake,
The moon and I!

Thursday, April 05, 2007

Bukowski



Na imagem:
We are like roses that have never bothered to
bloom when we should have bloomed and
it is as if
the sun has become disgusted with
waiting
Bukowski - Finish

MacCoy também considerou:
You're not how much money you have in the bank.
You're not the car you drive.
You're not the contents of your wallet.
You're not your fucking khakis.
You're the all-singing, all-dancing crap of the world.
Fight Club

Friday, March 30, 2007

Cool Motherfucking Movies