Wednesday, November 29, 2006

Coisas minhas

Comecei a pensar
Porquê não rimar
Apenas a acabar
Com as letras “ar”

Não é fácil de criar
Já que estou a despachar
É que me ponho a inventar
Quando me encontro a cagar

Ora não posso mesmo encalhar
Para que isto fique de louvar
…O que vale é que vou ficar
Algum tempo a obrar

Parece difícil de imaginar
Que tal ideia se fosse dar
Mas estava à mão de semear
Um caderno branco a chamar

Pois quando isto acabar
Os vestígios vou limpar
As mãos vou lavar
E os dentes escovar
O cabelo pentear
Não esquecer perfumar
E vou-me decerto apressar
Para sem me envergonhar
Sair fora para jantar

Mas rimar apenas com ar
Pôs-me no fim a meditar
Que não é justo desconsiderar
O com “er” poder terminar

Se houvesse aqui algo para ler
Não teria que nisto me meter
Mas agora é que já não vou poder
Buscar leitura, não me posso mexer

Foram estas quadras sem querer
Na verdade nem estou a crer
Que nesta posição consiga escrever
E ainda mais sem jeito para o fazer

Terei agora que me perfazer
Vou por essa noite romper
Já fiz o que me veio aqui trazer
E diga-se que foi um prazer

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