Thursday, August 31, 2006

Do you want Ketchup, Mary?

Pimba is a Portuguese term used for a variety of popular Portuguese solo singers and bands.

The Pimba groups and musicians/singers are deeply influenced by the rural areas of the country and the emigration phenomena which permeated Portuguese society from 1900 to the 80´s.

Pimba music and musicians/groups are seen by some to be inferior to others dedicated to more mainstream genres, although often more popular.

They can be said to use the same themes as folklore and target the same audience, though some Pimba singers shun the title and call themselves "poetic" or "romantic artists". A parallel between Pimba and American Country music audiences can be drawn, nevertheless the lyrics of Country music are of a more elevated nature.

The story of the word “pimba” is somewhat interesting. Until the 1980’s “pimba” was merely an interjection, generally used to express the accomplishment of an action or an unexpected event. The singer Emanuel used it in his hit song Nós Pimba (which translates to "We Pimba", meaning “we have sex"). In the 1990’s, the word was informally coined as an adjective, to identify this kind of music, its sense being quite derogatory, synonymous with tacky. Eventually its use spread to describe TV shows, radio programs, etc. as lacking intellectual content or quality and being tasteless and vulgar. In the last years, a "pimba-pride" movement emerged, with fans and artists stating it is “the” contemporary Portuguese popular music, and arguing that music doesn’t have to always be profound and elevated. Some intellectuals came to accept this view, recognizing that, in a proper context, this genre is unquestionably entertaining and amusing. As it is unquestionable that concerts of singers like Emanuel attract thousands and drive to tears hundreds of women.

The so called Rei do Pimba ("King of Pimba") was—and according to some still is—Emanuel, a musician/singer who emphasizes topics such as love and sex in its strongly satirical songs. The Rainha do Pimba ("Queen of Pimba") is Ágata, well-known in Portugal as well in the Portuguese diaspora. There is also the Príncipe do Pimba ("Prince of Pimba") is Saúl, who whilst very young performed the Pimba hit O Bacalhau Quer Alho ("The Codfish Wants Garlic"— "bacalhau" (codfish) is a slang word for the female sexual organs and "quer alho" when spoken sounds like a taboo word for penis).

Many Pimba songs use vulgar puns and jokes or address taboo topics, seemingly to gain popularity, as in the hit singles Queres Ketchup, Maria? ("Do You Want Ketchup, Mary?"—when spoken often sounds as "do you want me to suck you, Mary?") or "É o ECU!" ("It's the ECU!" (ECU was the first name thought for the Euro)—when spoken sounds like "it's the bottom!"). This song was so popular by the time the EU currency had to be named, that Portugal made pressure to change its name to Euro or Real during a meeting in Madrid to decide whether "ECU" should be kept.

Another very popular Pimba artist is Quim Barreiros. He started his career before Emanuel, being one of the first, if not the first, documented case of Pimba. Mr. Barreiros enjoys a cult-like following among college students and is often invited to perform in some of the most distinguished Portuguese universities.

One of Quim Barreiros' biggest hits was "A Garagem da Vizinha" (The Neighbour's Garage), but he is also known for hits such as "A Cabritinha" (The Little Goat) about a man who enjoys sucking his goat's tits and "Mariazinha", when he asked this woman, "Maria" (or Mary), to let him go to the kitchen to smell her "codfish"... In most of his songs he makes extensive use of ambiguous words, often with obvious sexual suggestions, very notably in the song "A Garagem da Vizinha"- "The neighbour's garage". Here are the lyrics of the chorus and translation:

Ponho o carro, tiro o carro, à hora que eu quiser
Que garagem apertadinha, que doçura de mulher
Tiro cedo e ponho à noite, e às vezes à tardinha
Estou até mudando o óleo na garagem da vizinha!

I put my car inside, I take my car out, anytime I want to
What a tiny little garage, what a sweet woman
Take it out early and put in it at night, and sometimes in the evening
I'm even changing the oil in the neighbour's garage!

Barreiros released two albums in 2004 and 2005. His latest CD, from 2005, was called "O Ténis" (in Portuguese, it means The Trainers, but the title is also phonetically similar to The Penis)

Some female singers have shown a lot of success in this kind of music. One of them is Ruth Marlene (alternative spelling [in correct Portuguese] - Rute Marlene).

Leonel Nunes is widely held as the King of the "alternative" Pimba, as the remote location he hails from influences most of his work, therefore to the urban or suburban listener some of the themes depicted in Leonel's songs might seem unusual, humourous or simply too far-fetched.

Retrieved from "http://en.wikipedia.org/wiki/Pimba"


(MacCoy gosta desta explicação mas considera fraca a exposição dada a Leonel Nunes, esse gigante da música popular portuguesa - basta ouvir a sua música mais conhecida "Se o bacalhau tem rabo, porque não tem talo o nabo?", para se perceber o alcance filosófico das suas letras...)

E se um desconhecido lhe oferecesse… uma multa??

O título deste texto poderia ser em alternativa “Há sempre uma primeira vez, parte 2”, pois pretende retratar uma experiência que MacCoy nunca tinha tido - Ser mandado parar pela polícia e regressar a casa mais leve na conta bancária mas mais pesado na cabeça.

Final de tarde. Final de um dia de trabalho. Final de um dia a interagir mais com um computador do que com pessoas (o que muitas vezes não é necessariamente mau). O Sol ainda batia forte e parecia querer dizer jocosamente – “quando nasço sou para todos, mas hoje não fui para ti”, levando à construção inevitável de uma aflorada teia de cenários alternativos mais desejáveis do que aquele em que se encontrava MacCoy, a descer rápido uma via rápida (daí o nome), enquanto Time of your Life dos Green Day tocava bem alto – e bem alto significa no volume 37, o que no MacCoymobile representa fielmente a expressão contemporânea “a bombar”. Por outras palavras, MacCoy “estava noutra”.. A pensar na “morte da bezerra” (mas quem é a bezerra?? Porque é que a bezerra morreu?? Como é que a bezerra morreu?? Porque é que é a bezerra tão importante para tanta boa gente se pôr a pensar na sua morte??)… Nisto, este estado aluado é interrompido por um espectáculo único vestido de verde fluorescente. Eram 3 carros (modelo: daqueles que fazem qualquer um travar para os 120 na auto-estrada aquando avistados) e 4 ou 5 polícias (o que põe MacCoy neste momento a pensar porque não apanharam uns boleia com outros e pouparam uns trocados ao contribuinte…). Um aparato! Uma “azáfama”!! Se por um lado MacCoy estava receoso porque não tinha UM documento consigo (MacCoy não usa carteira e MacCoy leva no bolso o mínimo essencial para poder sobreviver – cartão de débito, cartão de crédito, cartão da cantina e, obviamente, cartão do blockbuster), por outro sentia despreocupação e conforto pois tinha adquirido há uns tempos, também pela primeira vez, o selo de MacCoymobile, acto que deixou MacCoy muito orgulhoso e confiante desde então.

“Boa tarde”, diz o agente Ricardo Silva (chamemos-lhe assim, pois é este o seu nome), enquanto desferia uma continência muito rápida e claramente já gasta.
“Boa tarde sr guarda”, replica MacCoy, logo depois de ter acompanhado com apenas algumas centésimas de segundo de diferença o gesto mímico do guarda, levando também a sua mão à cabeça não sabe muito porquê.
Já antes de agente silva (clássico1) dizer “os seus documentos por favor” estava MacCoy a tentar despender algum charme com um “não vai acreditar..deixei a carteira em casa…”. “Não tem nem carta de condução? Nem um único documento do carro?”, perguntava indignado o agente que por sinal se revelava alentejano (“na tém carta de conduçauhm?”). “É que nem bilhete de identidade nem nada.. Isto nunca me aconteceu.. Ando sempre com a carteira… Que chatice…Nem parece meu…”, dizia MacCoy pedindo emprestado aos seus talentos teatrais uma cara de “pierrot” – não lamuriosa mas sinceramente surpresa… Foi tão bem empregue que MacCoy ainda achou que se poderia safar, enquanto o agente silva num ar um pouco atrapalhado lhe pedia para aguardar enquanto ia falar com o sargento – o polícia mais velho, de bigode (clássico2).
Foi quando o agente silva voltou a MacCoymobile e pediu a MacCoy para o acompanhar (sim, MacCoy teve a sua escolta pessoal para atravessar a estrada), que MacCoy começou a considerar que poderia ter problemas. Enquanto atravessavam confidenciava o agente silva, já visivelmente compadecido com a cara de “pierrot”: “Pois.. o seu problema é ter sido apanhado em excesso de velocidade”… “Oops”, diz mentalmente MacCoy para si próprio. Agora não há volta a dar. MacCoy está lixado.

Rajadas de pensamentos perturbantes ocorrem imediatamente em MacCoy, semelhantes dir-se-ia àqueles que levam tantas senhoras de idade a gritar queixas à janela “aaaaai… ai a minha vida” e por certo não menos sentidos do que os pensamentos sofridos de um chefe de família cigano quando lhe batem na carrinha de mercadoria ilegal a caminho da feira… “A multa são 120 euros”, foi uma expressão que fez aumentar este vendaval de considerações negras e um ”E pode ficar sem carta” parecia querer procurar um botão de pânico na cabeça de MacCoy (se bem que para MacCoy o mais preocupante, dada a sua frágil situação financeira, era decerto a primeira). Todo este turbilhão de preocupações mesquinhas durou não mais que 30 segundos. O tempo de largar mentalmente uns “olha que foda-se! Que raio de azar!!”. Passado este tempo desagradável num território mental onde MacCoy não gosta nem sabe estar, foi aceite naturalmente a situação e encarada como um “há sempre uma primeira vez, tinha que acontecer alguma vez”.

Parecia que se queria montar uma peça verdadeiramente rica de personagens no espectáculo policial deste fim de tarde agridoce. Os agentes da autoridade usavam todos óculos Arnette espelhados, tão feios como falsos, com excepção do sargento, a figura mais serena e concentrada deste circo, que ao invés das peneiras exageradas dos seus súbditos apresentava apenas um bigode farto que aparentava já ter passado por muitas histórias. Enquanto o sargento apontava dedicado todos os dados que lhe eram comunicados sobre os infractores que passavam poucos kilómetros atrás pelo radar (MacCoy conseguiu uns parcos 130 kms/hora numa zona de 90… a saber que iria aparecer num registo teria dado mais…), um dos “soldados” pavoneava-se. Simplesmente, pavoneava-se. Não tem MacCoy a riqueza literária para explicar a forma como esta ave rara se pavoneava. Era um misto de uma vaidade desmedida de um pavão com o trotear ensinado de um cavalo árabe. Os braços ondulavam gelatinosos com grande vontade e aliavam-se aos ombros que mais pareciam bailarinos amadores e arrogantes. Parecia que todos os membros tinham uma vontade própria. O pescoço não mexia, o rosto não era mais do que o ostento dos óculos escuros, as pernas e o andar eram a irritação caminhante e não coincidiam com nada de nada de nada. Em resumo, um otário, um atrasado mental (clássico3). Claro que MacCoy esteve para lhe dar um merecido tiro mas não tinha consigo a sua pistola e não queria, como facilmente poderia, sacar a arma ao agente silva que se mostrava tão solidário e “humano”.
Enquanto o pavão de colete fluorescente mandava vivamente parar os outros infractores, MacCoy dirigia-se com o prestável agente silva, entretanto já descontraído e boa pessoa para policial, a um dos carro para reunir com outro agente, o informático desta pandilha, para que se colocassem as suas informações no computador. Ao perguntarem que morada constava na carta de condução Maccoy arriscou. Tinha a carta numa morada, o contribuinte noutra e ainda o bilhete de identidade noutra. Para além disso, receava MacCoy que após introduzidos os seus dados pudesse aparecer um alerta espalhafatoso indicando outras infracções mais graves -“alerta! Alerta! O sujeito não paga impostos há 3 anos”. Mas tudo correu pelo melhor. Faltava apenas “pagar a conta”…

A esta altura já MacCoy se encontrava plenamente descontraído e quase que saía deste espectáculo com um novo amigo. Adoptando agora a figura do “puto porreiro que teve azar mas que até percebe o papel do agente e quase que o admira”, foi estabelecendo uma ligação com o Sr Silva que lhe ia explicando os procedimentos todos daí para a frente (não só os de MacCoy, mas os dele próprio), as diferenças entre contra-ordenação grave e muito grave e respectivas diferenças no valor da coima, as particularidades da pena suspensa, e qualquer coisa sobre tirarem 5% à velocidade atingida no radar.. yeah, yeah… whatever!! MacCoy desligava a meio trocando daqueles olhares de cumplicidade infeliz com uma senhora bastante mais desconfortada e desgostada – “pois é.. apanhados não é? É assim…” – com tipo de cara e som próprios a acompanhar. Ao passar um porsche “completamente a abrir” (e esta expressão diz tudo), MacCoy indignava-se: “Olha!!Aquele é que deviam apanhar!”… MacCoy estava com esta indignação exprimida no mode “puto porreiro” definitivamente nas boas graças do agente silva, que lhe explicou que bem gostava de o caçar mas só os que são apanhados no radar podem ser punidos.
Estava contudo cada vez mais perto o momento trágico de ir ao bolso tirar um dos 4 cartões. “Epa, onde é que está o POS? Dá aí o POS. Já estão despachados com o POS?” perguntava agitado o agente silva. MacCoy, como é um gajo lixado e sabia perfeitamente o que queria dizer esta sigla, interroga “o POS? O que é o POS? Não me vão maltratar pois não?”…Quase que encantado com um à-vontade raro num infractor, o agente explica que era apenas o terminal de Multibanco.”O que quer dizer”?, pergunta MacCoy manhosamente. MacCoy ficou contente por perceber no momento que nunca antes havia sido feito esta pergunta. “Olhe…Hhaaa… Nem sei bem…Posto qualquer coisa…”. Saiu desta cilada, e muitíssimo bem, com um “cá está. São 120 euros”.

E era este o último acto desta peça dramática, que apesar de bem ensaiada e com alguns traços de comédia não valia o preço de que era pedido. Assim se passou a primeira vez que MacCoy foi autuado por excesso de velocidade. A sorte não dura sempre.

MacCoy regressa finalmente a MacCoymobile não sem antes deixar uma interrogação bem-disposta a um infractor fresquinho e com cara de poucos amigos - “Então?? Quanto é que tiveste??”. “Sei lá caral%$#” (clássico4).

Tuesday, August 29, 2006

Teoria de Merda

A TEORIA DO CAGALHÃO

MacCoy interroga: O que há de mais poderoso no mundo? Qual é a coisa que mais consequências trará, mais destinos conseguirá mudar, mais poder terá sobre as outras coisas? Muitos dirão imediatamente o amor ou a paixão, outros considerarão o intelecto. Há também os mais fracos de espírito que admitirão o dinheiro ou as influências e o sucesso (o “poder instituído”).

Pois MacCoy diz que o que há de mais poderoso no mundo é o cagalhão.

O cagalhão! Esse produto natural do organismo humano, que sobre tantas forma se apresenta, tão variadas como o “cagalhão seco”, que nasce e morre de vez só vez com grande vontade e rapidez, faz mexer as águas com a sua imponente solidez e desperta um sentimento de orgulho no seu criador ou o “cagalhão irritante”, que não está ainda totalmente preparado para o mundo e teima em deixar-se completar no seu propósito, não tendo problemas em separar-se de si mesmo e esperar com alguma mesquinhez que o esforço ansioso do criador lhe dite finalmente a sentença. Há também o “cagalhão cagalhão“, um género de cagalhão “show-off”, que faz primeiro anunciar que está para chegar aliando-se ao ar e ao som para proporcionar um pequeno acto de abertura ao espectáculo que irá acontecer, provocando uma inevitável risada no criador ou mesmo uma gargalhada em eventuais vizinhos, e há ainda o mais mortífero de todos, a diarreia ou o “cagar fininho”, que mais poder tem, mais medos cria, mais consequências pode trazer. O cagalhão, esse simultaneamente nojento e agradável fenómeno que tantos nomes desperta e tantas expressões suscita como “vou mandar uma bosta”, “vou arrear o calhau” ou “vou limpar a tripa”… Esse sim, é o verdadeiro poder do mundo.

O cagalhão é a fonte de prazer mais efémera que existe - porque é afinal com uma sensação de alívio que qualquer ser humano sai da casa-de-banho, sensação essa originada por apenas fugazes momentos de uma apreciada solidão. Poucas sensações são tão boas como aquela em que nos apercebemos de que iremos passar algum tempo sentados, que a máquina está a funcionar bem e tem mais para mais oferecer, sem causar má disposição, que quer brincar mais e simplesmente “deitar cá para fora” um grito de “estamos vivoooooos”…. Há quem acompanhe este prazer com leitura, há quem jogue jogos no telemóvel, há quem aproveite para colocar os pensamentos em ordem, mas todos comungam da mesma sensação de paz e partilham a mesma leveza e liberdade com que se abandona o “local de despejo”, a “doca da porquice”, o “santuário da imundice”…

Mas o verdadeiro poder do cagalhão não vem no prazer que proporciona, mas no exacto oposto… porque o cagalhão é simultaneamente bom e mau, o anjo e o diabo…Se poucas sensações são tão boas como o alívio e a leveza que um “belo calhau” traz, poucas são as circunstancias que causam tanta aflição como a do cagalhão indesejado, o cagalhão inoportuno que chega na pior altura. E o poder do cagalhão reside aqui: quando chega é para chegar, independentemente da situação em que o criador se encontra na altura. Por outras palavras, nada pára a “vontade de cagar” e o cagalhão tudo vence e tudo suprime.

Senão vejamos:
O amor. O amor de que tanto se escreve, que tanto faz falar, discutir, filosofar, que tantos homens muda para bem e para mal. O amor que cria e destrói, indubitavelmente enriquecedor nos seus frutos mas também absolutamente devastador no seu lado sombrio. O amor move certamente multidões, faz girar o mundo, pode oferecer a mais cristalina forma de êxtase, e as suas consequências são sempre gigantescas, mas o amor não é a coisa mais poderosa do mundo. Muito simplesmente porque se dá “aquela vontade de cagar”, que se dane o amor.
Eis um exemplo: casamento, as famílias reunidas e todos vestidos a preceito. Uns ansiaram este momento durante mais de um mês planeando cuidadosamente o chapéu e a “encharpe”, outros vestiram o mesmo fato do casamento anterior, sem estar devidamente lavado, esperando quebrar o seu record pessoal de bebidas e desejando acabar a noite a saber os nomes de todos os empregados, mas todos estão ali para celebrar a felicidade derradeira que será para os noivos oficializar publicamente o seu mútuo comprometimento eterno. A noiva chega, resplandecente e angélica. O noivo transborda de alegria. O coração quase que salta cá para fora. Mas, subitamente, há mais qualquer coisa que quer saltar cá para fora… Em instantes alarmados que parecem uma eternidade, o noivo tenta com todas as suas forças ignorar a graciosidade com que a sua futura mulher atravessava a igreja (e que bonita ela estava!) e concentrar-se em lutar com o cagalhão inoportuno, forçando-a a aguardar. São momentos de pavor, que ninguém nota porque está tudo a maravilhar-se com a noiva (os que já chegaram...). Inevitavelmente, e é inquietantemente inevitável, o cagalhão leva a melhor, mostra todo seu poder e com requintes de malvadez obriga o noivo a sair disparado, já levando as mãos ao cinto para poupar o tempo. O casamento realiza-se, depois de retornado o noivo e retocada a maquilhagem da noiva em prantos, e são felizes para sempre. O amor prevalece. Mas não foi mais poderoso que o cagalhão naquela circunstância e nunca será.
“Mas o cagalhão não pode gerar uma criança”, dirá o céptico. De notar que a teoria do cagalhão não pretende desvalorizar os poderes do amor ou de tantas outras coisas mas apenas postular que o poder do cagalhão é superior a todos eles. O cagalhão nunca poderá ser valorizado como o poder do milagre da reprodução, mas é uma certeza que o milagre da reprodução não se poderá consubstanciar se se mostrar o poder do cagalhão. Basicamente, se dá “aquela vontade de cagar” nem que estejam no meio do acto. Ora, o poder do cagalhão é maior que o poder do milagre da reprodução – este só acontece se aquele deixar.


O dinheiro. O dinheiro é a coisa que mais poder oferece em todo o mundo. O dinheiro faz subsistir o homem. O dinheiro é a salvação para a maioria dos problemas. Com dinheiro mata-se a pobreza, melhora-se a saúde e a esperança de vida, aumenta-se a educação e inteligência. Com dinheiro muitas vezes até se poderá conseguir desencantar paixão (e que doce encanto tem o dinheiro para muitos), que mais tarde se poderá transformar em amor. Há quem mate, quem minta, quem se preste a desvalorizações da condição humana pelo dinheiro. O dinheiro põe o homem no topo do mundo, o dinheiro faz cair o homem. Será este o raciocínio de grande maioria dos homens dos nossos tempos, infelizmente afirma MacCoy.
Mas o dinheiro, essa constante na cabeça do homem, esse instrumento de felicidade portátil para quem o tem e maldição e preocupação persistente de quem não tem, não é a coisa mais poderosa do mundo. Porque não é por alguém ter mais dinheiro que “caga menos que o outro”. E pode-se estar numa ilha paradisíaca com um cocktail na mão que se o cagalhão apertar não se verá o pôr-do-sol. E pode-se estar no gozo de um dvd no gigantesco plasma na sala de 250m2 que se o cagalhão apertar terá que se parar na parte em que se descobre que foi ele que matou a mulher no Memento (MacCoy é mesmo lixado!). Quem não esvaziaria de bom grado o conteúdo da sua carteira, por recheada que fosse, para poder entrar em qualquer tipo de casa de banho num daqueles momentos de aperto trágico? Quanto não pagaria Bill Gates para poder “baixar as calças” numa destas situações, mesmo no decorrer da apresentação de um novo software que iria mudar o mundo? Lá está, como diz a sabedoria popular presente nas casas de banho masculinas: “Lá fora és um herói, mas cá dentro cagas-te todo”…

A mesma lógica pode ser aplicada a tantas outras coisas poderosas do mundo. Do sucesso (se dá “aquela vontade de cagar”, esqueça-se a reunião com o director geral ou a apresentação mais importante da vida), ao dom artístico (Leonardo da Vinci não terá pintado a Gioconda a partir do seu “cagueiro” – ou daí talvez tenha…), ao intelecto (Einstein conseguiria estar a comprovar a sua teoria da relatividade numa daquelas diarreias em que se tem que manter o corpo curvado e a cabeça entre as pernas tal é a agressividade do despejo?), à habilidade (não quero nem pensar numa crise intestinal de um pobre trapezista em pleno acto), à fé, à paixão, etc, etc, etc…

A verdade é que pouco se fala ou escreve sobre o cagalhão. Umas tentativas ténues de Bocage no século XVIII (MacCoy recomenda vivamente a leitura do poema “Cagando estava a dama mais formosa”) são o mais evidente sustento literário para esta massa fedentinosa que tantos homens faz curvar. Muito menos se ouve falar sobre o seu assustador poder maléfico ou sobre os prazeres inerentes ao “acto de cagar”. MacCoy acha inclusivamente vergonhoso a palavra “cagar” dar erro no spelling (curiosamente, o seu fruto, o cagalhão, passa incólume). O cagalhão devia ter mais projecção e deveríamos todos reconhecer a Teoria do Cagalhão. O cagalhão é único. E é efectivamente a coisa mais poderosa do mundo.

Maccoy todos os dias a seguir ao almoço presta a sua homenagem, altura em que aproveita para se actualizar sobre as novidades cor-de-rosa do nosso país – não há decerto leitura mais apropriada à ocasião, esta “leitura de merda”.

Assim é a Teoria do Cagalhão.
MacCoy aprova.

Monday, August 28, 2006

If...

Se consegues manter a calma
quando à tua volta todos a perdem
e te culpam por isso.

Se consegues ter confiança em ti
quando todos duvidam de ti
e aceitas as suas dúvidas

Se consegues esperar sem te cansares por esperar
ou caluniado não responderes com calúnias
ou odiado não dares espaço ao ódio
sem porém te fazeres demasiado bom
ou falares cheio de conhecimentos

Se consegues sonhar
sem fazeres dos sonhos teus mestres

Se consegues pensar
sem fazeres dos pensamentos teus objectivos

Se consegues encontrar-te com o Triunfo e a Derrota
e tratares esses dois impostores do mesmo modo

Se consegues suportar
a escuta das verdades que dizes
distorcidas pelos que te querem ver
cair em armadilhas
ou encarar tudo aquilo pelo qual lutaste na vida
ficar destruído
e reconstruíres tudo de novo
com instrumentos gastos pelo tempo

Se consegues num único passo
arriscar tudo o que conquistaste
num lançamento de cara ou coroa,
perderes e recomeçares de novo
sem nunca suspirares palavras da tua perda.

Se consegues constringir o teu coração,
nervos e força
para te servirem na tua vez
já depois de não existirem,
e aguentares
quando já nada tens em ti
a não ser a vontade que te diz:
"Aguenta-te!"

Se consegues falar para multidões
e permaneceres com as tuas virtudes
ou andares entre reis e pobres
e agires naturalmente

Se nem inimigos
ou amigos queridos
te conseguirem ofender

Se todas as pessoas contam contigo
mas nenhuma demasiado

Se consegues preencher cada minuto
dando valor
a todos os segundos que passam

Tua é a Terra
e tudo o que nela existe
e mais ainda,
tu serás um Homem, meu filho!


Rudyard Kipling


(dedicado à avó de MacCoy, que ofereceu este quadro a MacCoy quando este era pequeno)

Masked and Anonymous

Human beings... alone with their secrets.
Masked and Anonymous.
No one truly knows them...

Friday, August 25, 2006

Há sempre uma primeira vez

Entrevistador (E): MacCoy, porquê um blog?
MacCoy: Não sei bem porquê. De tempos em tempos ia tendo determinados pensamentos ou experiências que me faziam pensar “se tivesse um blog escrevia sobre isto… se tivesse um blog enunciava por escrito esta ou aquela determinada circunstância do mundo de MacCoy…”. Decidi experimentar. MacCoy considera que a vida é acima de tudo uma soma de experiências. A ver vamos….Acaba também por funcionar com um registo, um género de uma inscrição num muro “Zé Bento esteve aqui” ou uma constatação de verdades e factos como as que muitas vezes se encontram escritas nas portas das casas de banho masculinas: “lá fora és um herói mas cá dentro cagas-te todo”.

E: Não lhe importa que as pessoas entrem no seu mundo e criem expectativas acerca deste blog?
M: Este blog será essencialmente para MacCoy. Pela piada de poder daqui a uns tempos recordar o que me passava pela alma na altura. Não o tenciono divulgar excepto talvez a alguns ilustres. Quem vier cá parar: teve azar! Até pode acontecer não ser uma experiência interessante e cair em esquecimento. Poderei escrever 1 texto por dia, 1 texto por mês ou escrever simplesmente apenas 1 texto…

E: Quantos posts tenciona escrever por semana?
PAM! PAM!!! (MacCoy matou o entrevistador por não ter percebido a sua resposta anterior)

Entrevistador 2 (E2): Lamento a estupidez do meu colega. O que poderemos esperar deste blog?
M: Nada. O que me apetecer, quando me apetecer. Não tenciono ter um mote ou um objectivo, não pretendo que seja uma página pessoal. Poderei escrever longos textos sobre o sentido da vida ou poderei detalhar a crise intestinal que tive na noite anterior… Mais uma vez, e não me quero repetir, será mais para próprio MacCoy, como um caderno de apontamentos. Acaba também por funcionar como um estímulo à criatividade e agilidade literária de MacCoy.

E2: Se tivesse um desejo que pudesse realizar qual seria?
M: um número ilimitado de balas
PAM! PAM!!! (MacCoy matou o entrevistador por não ter gostado da pergunta)

Entrevistador3: MacCoy, você tem fama de ser um, e cito, “gajo lixado”… MacCoy inveja alguém ou tem medo de alguém? MacCoy tem heróis?
M: MacCoy só tem medo de água fria e porta-bagagens. Quanto a heróis, o irmão de MacCoy é o grande herói de MacCoy.

E3: Obrigado MacCoy!
M: Nada. Ao dispor.